Aniversário do Município: Pioneiros relembram memórias dos 76 anos em Ibiporã, no Museu do Café

Sr. Orlando Ferreira, 85 anos, na Estação Ferroviária. Pioneiro está em Ibiporã desde 1939

Ibiporã completa 76 anos como Município neste dia 8 de novembro e para contar um pouco do que viveram aqui desde o tempo das matas e das derrubadas, convidamos dois pioneiros locais para revisitarem a Estação Ferroviária, local onde a cidade iniciou, em 15 de julho de 1936, quando foi inaugurada a 1ª estação de madeira.

No local do encontro, hoje Museu do Café de Ibiporã, esses dois personagens da nossa história concederam entrevista a uma emissora de TV para um especial de aniversário: a Sra. Lúcia Grana Frederico, já com seus 89 anos, e o Sr. Orlando Ferreira, de 85. Ambos chegaram a Ibiporã em 1939, quando Ibiporã tinha poucas casas, algumas vendas de secos e molhados e várias serrarias. “Quando eu era criança, mudamos para uma chácara aqui pra baixo da Estação, no caminho da Estrada do Barreirão, e tinha três serrarias aqui em volta: A Lugó & Cia, a do Lameirão e a do Carlos Secco. Muita gente trabalhava com madeira. E a gente, criança, trazia frutas da chácara pra vender para os passageiros do trem”, recorda Dona Lúcia, que se casou com o também pioneiro Getúlio Frederico (foto do casal abaixo), com o qual teve oito filhos.

“Naquele tempo o transporte era precário, as ruas de chão batido, muito pó, a maioria das famílias trabalhavam com o café e a gente vinha muito à Estação ver o movimento dos passageiros, porque na cidade não se tinha muito o que fazer”, relembra Orlando Ferreira.

O movimento maior era nos ônibus e no trem, tanto que de um encontro entre ambos ocorreu um acidente que marcou a história de Ibiporã em 1944 e o pai de Orlando acabou falecendo nessa ocasião, quando ele tinha apenas 5 anos. Morreram 13 passageiros do ônibus. “E nove deles eram de Ibiporã... Então, foi um fato muito marcante para a cidade na época”, recordou. Memórias tristes, mas Orlando também relatou muitas outras felizes de sua vida em ibiporã: “Aqui nós vivemos, trabalhamos muito, criamos a família e nesses anos todos foram muitas alegrias”, encerrou.

A visita e a entrevista com os pioneiros foram acompanhadas pela secretária municipal de Cultura, Lourdes Narcizo, e pelo coordenador dos Museus, Jaime Kaster.

SOBRE A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA / MUSEU DO CAFÉ

O melhor local para começar uma visita a Ibiporã e entender a formação da cidade é a Estação Ferroviária. Inaugurada em 15/07/1936, a 1ª estação de madeira foi marco de chegada da maior parte dos pioneiros que vieram colonizar o município.

Prédio tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado do Paraná em 2001, foi restaurado em 2012 pelo Poder Público Municipal, recebendo recursos federais, e transformado no Museu do Café, que integra a Rota do Café do Norte do Paraná.

Guarda parte da memória local e das fazendas no período áureo do café e também parte da memória ferroviária, uma vez que Ibiporã nasceu ao redor da ferrovia que corta a região. O pátio da estação abriga três casas históricas dos ferroviários, onde são desenvolvidos projetos de música pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, gestora do espaço.

(Museu do Café - Av. Prefeito Mário de Menezes, 1113 – Ibiporã PR)

UM POUCO DA HISTÓRIA DE IBIPORÃ

Ibiporã (que significa “Terra Bonita” em tupi) já era habitada por indígenas que viviam em aldeias às margens do Rio Tibagi, onde foi implantado, em 1854, o Aldeamento de São Pedro de Alcântara, que era dirigido pelo Frei Thimóteo de Castelnuovo e reunia povos de origem guarani, kaingangue e caiuá, além de caboclos e descendentes de africanos – o aldeamento perdurou até 1895.

Porém, a colonização oficial começou na década de 1930, por meio de projeto da Colonizadora Beltrão, que atraiu famílias de várias partes do Brasil (principalmente do interior de São Paulo), além de imigrantes. Os primeiros colonos que se fixaram no território ocuparam inicialmente áreas rurais, a maioria descendentes de italianos.

Como vila, Ibiporã iniciou oficialmente em 1936, ano da inauguração da Estação Ferroviária (marco inicial da cidade), e teve como fundador o engenheiro Alexandre Beltrão. A cidade foi se desenvolvendo e se emancipou de Sertanópolis para se tornar Município em 08/11/1947, data do aniversário da cidade.