Cultura em Ibiporã

 

Arquitetura e Arte na Igreja Matriz de Ibiporã


Em 1950, após alguns meses de convívio com os ibiporaenses, o padre Leone Gervasoni, pároco da época, e o então vigário, padre José Zanelli, que haviam chegado à cidade em novembro de 1948, idealizaram a construção de uma nova Igreja Matriz, para substituir a antiga igrejinha de madeira que servia os católicos, construída em 1939.

No dia 19 de junho de 1950, conforme registro do Livro Tombo II da Paróquia Nossa Senhora da Paz (nome da Matriz de Ibiporã), iniciou-se o processo de construção da igreja atual, liderado pelo padre Leone. O padre encampou uma campanha de arrecadação e doação de sacas de café para a construção, que contou com o apoio de toda a comunidade católica.

Essa Matriz atual, cuja arquitetura é de estilo românico, segundo afirmou o artista plástico Henrique de Aragão, teve o seu projeto elaborado por um arquiteto italiano e foi concluída dia 31 de julho de 1959, de acordo com registro feito nesta data pelo padre Leone no Livro Tombo II.

Entre os detalhes artísticos, em 1955 foi feita a coloração da Via-Sacra da igreja pelo artista italiano Alfonso Di Carlo. Outro destaque da igreja são seus vitrais, todos vindos da Itália e bancados pelas famílias de maior renda na época e por algumas instituições, como a Colonizadora Beltrão e o PIME.
Em 1956, com a mudança da Diocese de Jacarezinho para a nova Diocese de Londrina, criada 1º de fevereiro de 1956, paróquia de Ibiporã passou a pertencer a Londrina. Em 1957 o novo bispo de Londrina, Dom Geraldo Fernandes Bijos, que assumiu em 17 de fevereiro de 1957, pediu a mudança de nome da paróquia e da padroeira de Ibiporã, de Imaculada Conceição, para Nossa Senhora da Paz.

Henrique de Aragão

As demais obras sacras expressivas da Matriz foram pintadas, esculpidas e entalhadas pelo artista paraibano Henrique de Aragão (1931-2015), que se mudou para o Paraná em 1965, inicialmente para Apucarana. Neste ano tem-se o registro de sua primeira obra em Ibiporã: o projeto da Capela do Guarani, na área rural do município, construída em formato de vela. Em seguida Henrique começou a pintar a Cúpula da Igreja Matriz, mas não residia de forma fixa na cidade.

Mudou-se para Ibiporã provavelmente em 1966. Morou provisoriamente, por cerca de um ano, na residência de Orlando Pelisson e de Aparecida Peretti Pelisson até conseguir do prefeito Ciro Ibirá de Barros (gestão 1963-69) a cessão de um barracão da Prefeitura onde passou a morar e onde constituiu, em 18/06/1966, a Casa de Artes e Ofícios Paulo VI.

Na Matriz, Henrique deixou uma vasta produção artística, que foi fazendo aos poucos, conforme as encomendas dos padres: a pintura dos tímpanos que sustentam a cúpula, que reproduzem a figuração dos quatro evangelistas  narradas no livro do Apocalipse; a escultura do Cristo Ressuscitado (em latão), o sacrário (feito em peroba maciça e ouro), a pia batismal, o altar de Nossa Senhora Aparecida, os arcos das portas, os ornatos, capitéis, todos feitos em concreto; os lustres, medalhões e outros detalhes do presbitério. Mas Henrique deixou também obras nas capelas dos bairros (na do Guarani, na do Jardim Bom Pastor e na Guadalupe).

Pesquisa: Jaime Kaster/ MHAI