Festa de entrega do Cristo Libertador

 

Publicado em: 28/04/2014 16:16

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Festa de entrega do Cristo Libertador

Ballet fez a apresentação do Cristo

   Com a presença de um bom público e muitos artistas e autoridades, aconteceu no dia 25/4 a cerimônia de instalação da escultura do \'Cristo Libertador\', obra de Henrique de Aragão feita em 1975 e que percorreu muitos locais até ser devidamente reconhecida e ficará exposta em definitivo ao público no Centro Socioeducativo, Turístico e Cultural de Ibiporã (antiga Estação Ferroviária).

   Entre os presentes ao evento, além do artista e convidados, o prefeito José Maria, a primeira-dama Eliana Eik Borges Ferreira, a vice-prefeita Sandra Moya, o vereador Orlando Ferreira (vice-presidente da Câmara), o anfitrião e secretário municipal de Cultura e Turismo, Julio Dutra; a secretária de Educação, Margareth Coloniezi; o vigário da Matriz de Ibiporã, Padre Paulo; e o secretário de gabinete da Reitoria da UEL, Aurélio Pereira, representando a reitora Nádina Moreno.

   Após a exibição de um vídeo que contou a história da obra, as autoridades se pronunciaram e depois houve um belo espetáculo cênico de apresentação da escultura ao público, seguida da bênção da obra de arte pelo padre, homenagens e muita música, tudo a cargo dos profissionais, professores e artistas da Fundação Cultural de Ibiporã, que contou com a colaboração de várias outras entidades e pessoas.

   O secretário Julio Dutra mostrou a sua satisfação: \"Foi tudo perfeito. As pessoas, as falas, o artista, a obra, a noite, o clima, a paz e a emoção. Momentos marcantes acentuaram a importância deste dia. Mais uma vez o espaço da antiga Estação Ferroviária deu lugar a uma manifestação viva. Só tenho a agradecer a todos que estiveram presentes e aos que colaboraram para que este dia tivesse esse brilho que não tem como se apagar.

 

Alguns trechos dos pronunciamentos:

Aurélio Pereira (UEL): \"Eu vejo hoje o Cristo Libertador ressurgindo. Não que ele tenha morrido, mas talvez tenha sido deixado de lado, abandonado. E me sinto triste, pois sou da UEL (onde a escultura ficou vários anos esquecida em um barracão sob o argumento de que uma instituição laica não deveria expor imagens sacras). \"Fico triste quando as pessoas não sabem interpretar a arte. Vivemos sim num Estado laico, mas as pessoas precisam entender o que é arte. Aqueles que não têm fé deveriam simplesmente entender o trabalho do Henrique como uma obra de arte, mas não agiram assim. Hoje o Cristo volta para o lugar onde a arte deve estar. Ela é feita para ser vista, admirada\"

Margareth Coloniezi: \"Henrique: o que mais admiro em você não é sua habilidade com o latão, com a escultura ou com a pintura, mas é a sua profundidade. E com a sua sensibilidade, você nos brinda a cada dia com uma surpresa e materializa isso com uma grandeza que só você tem. Minha infância foi marcada pelo seu trabalho, pois eu morava nos fundos da Casa de Artes. A sua espiritualidade, Henrique, nos causa inveja e comoção. Agradecemos muito por este prédio receber o nosso Jesus, a sua obra de arte.\"

Julio Dutra: \"Agradeço em primeiro lugar ao Henrique pela criação e pelas suas obras que hoje são sinônimos de Ibiporã. Agradeço ao prefeito José Maria e à Sandra, pois quando falei da oportunidade que tínhamos de poder trazer essa obra de volta, eles, com a sensibilidade e o compromisso que sempre tiveram com a cultura, abraçaram essa causa. Agradeço ao Aurélio, que também nos deu muita força e mostrou os caminhos para sensibilizarmos a Reitoria. À Margareth, pelo espaço da Secretaria de Educação, ao secretário de Obras, Alexandre Casagrande, ao pessoal do Parque de Máquinas que nos ajudou a trazer o Cristo para Ibiporã e o transportou agora até aqui. A todos os que trabalharam na limpeza e restauração da obra e aos que colaboraram com este evento. Assim como a nossa vida, essa obra do Cristo Libertador, é uma obra de muitos recomeços. No final de 2011 recebi a ligação de um professor da UENP, dizendo que a obra estava em um depósito da UEL. Conversei com o Henrique e decidimos pedir a obra para aqui ser restaurada. Em 2012 conseguimos a transferência e iniciamos então um trabalho de meses para tentar remover a crosta que o tempo e o descaso formou sobre o metal. Depois tivemos que ir atrás de uma lista de produtos e de um verniz especial que deveríamos aplicar sobre a escultura para a sua conservação. Teve que ser feita ainda a restauração de partes da obra. Foi também reforçada a estrutura do prédio da Educação para que pudesse suportar o peso da obra (que fica suspensa e pesa 450 kg).\"

 

Sandra Moya: \"A nossa cidade tem diferencial por causa das pessoas que aqui habitam. E você, principalmente, que adotou Ibiporã como a sua casa, torna a nossa cidade essa Terra Bonita, pela pessoa e pelo artista que você é, pela sensibilidade que você tem. E hoje vejo aqui quantas pessoas passaram pela Casa de Artes, passaram pelos seus ensinamentos, e hoje veem a arte e o mundo de forma diferente de como viam. Agradeço também ao prefeito José Maria, pelo Museu de Esculturas ao Ar livre que implantou, em 1989, que faz com que hoje muitas pessoas venham a Ibiporã para contemplar as obras de arte do Henrique em espaço público e nós fazemos parte dessa história\"

José Maria: \"O artista, que está ligado à cultura, está sempre um passo à frente. E é esse passo à frente, Henrique, que faz do artista irreverente, incompreendido, um homem não compreendido no seu tempo. A obra do Henrique perambulou por quase 40 anos e ela retorna hoje a Ibiporã. Acabou, cessou a peregrinação do Cristo Libertador. Hoje ele está em casa e vai fazer com que a nossa cidade possa cada vez mais reconhecer na arte um elemento de transmissão da cultura, um elemento de transmissão de valores coletivos e de nação. A nação que não respeita a arte não tem a oportunidade de ter um futuro próspero, porque ela não reconhece a si. E em Ibiporã estamos conseguindo criar um novo ambiente para a sua comunidade por meio da cultura. E Ibiporã tem um grande privilégio, de poder ver na narrativa deste vídeo o próprio artista presente explicando as razões da sua criação. É uma forma diferente de entendermos a obra, pois é o próprio artista que vem e fala sobre qual foi o sentimento que jorrou dentro de si, a sua decisão e a criação dessa obra que veio a engrandecer todos nós. Obrigado Henrique!

Henrique de Aragão: \"A nudez (retratada no Cristo) não se reduz ao sexo ou às partes pudicas do corpo. O corpo é puro, é limpo, é justiça, é beleza, é harmonia, é graça, ele que inspirou a dança, a música, o teatro, todas as artes foram inspiradas pelo corpo humano, pela matéria construída por Deus, pela natureza. Essa nudez a gente tem que trazer para dentro de nós, por isso a nudez de Cristo nessa imagem não tem nenhuma ofensa. É a mesma nudez usada por Cristo quando nasceu. Saiu do ventre da mãe nu. E Ele é puro, sempre foi puro. Jesus, por mais que o tenham sacrificado seu corpo e seu espírito até ele se sentir um verme na cruz, sempre foi puro. Morreu e sangrou puro. Eu quero neste momento pedir perdão a Jesus por todos os ultrajes que cometeram contra Ele por causa desta imagem que eu concebi e que não a compreenderam.\"

 

De: Jaime Kaster - jonalista, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo - Prefeitura de Ibiporã

 

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