Criador revê sua 'criatura'

 

Publicado em: 31/10/2019 17:15

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Criador revê sua 'criatura'

Werner e seu "Cristo" em madeira

Você conhece essa escultura do "Cristo Morto"? João Werner, artista plástico que trabalhou com Henrique de Aragão, visitou o MHAI em Ibiporã e falou sobre ela

O artista plástico João Werner, 57 anos, que trabalhou com Henrique de Aragão (1931-2015) na Casa de Artes e Ofícios Paulo VI e hoje reside em Londrina, visitou recentemente o Museu Histórico e de Artes de Ibiporã (MHAI) e reviu o seu "Cristo Morto". Trata-se de uma escultura feita em madeira de Kiri para ornamentar a Igreja Matriz de Ibiporã a pedido do padre João Giomo (então pároco da cidade nos anos 1980) e hoje pertence ao acervo do MHAI, compondo parte do espaço de exposição Leia a entrevista sobre este seu trabalho.

Nome da Escultura - "Cristo Morto" (1986), autor: João Werner, nascido em 1962.

Material

"É uma escultura em madeira de kiri. Foi feita em 1986, uma encomenda do padre João Giomo, ele havia conseguido com uma das pessoas da cidade essa tora de madeira de kiri, então ele me passou e eu e um rapaz que trabalhava comigo produzimos esse Cristo."

Em 1986...

"Na época eu estava saindo de Ibiporã, foi a primeira obra que fiz assim que saí daqui, morei mais de sete anos na Casa de Artes e fui aluno do Henrique de Aragão, e justamente no período que saí da cidade o padre me encomendou. Então na verdade essa escultura foi feita em Londrina, em um ateliê que eu tinha na rua Pará, e de lá veio pra Ibiporã. Essa escultura foi concebida em Ibiporã, mas a gestação e a fabricação foi em Londrina."

Fale sobre esse Cristo...

"Procurei fazer a escultura com uma expressão bem serena e tranqüila e em tamanho natural. Essa madeira é bem leve e você consegue carregá-la facilmente, a idéia era transportar em um andor, mas eu fico muito feliz de vê-la aqui, bem exposta. É como rever um amigo, a gente conviveu durante a fabricação dela, quase quatro meses, então é alguém que eu estimo muito e que me deixa muito feliz em revê-la neste estado, bem exposta (no corredor de entrada do MHAI)".

É escultura ou entalhe?

"É uma escultura de madeira, eu acho mais fácil do que o entalhe. O entalhe, que é um relevo, é mais difícil de ser feito, demanda mais tempo. O painel que eu fiz pra casa do Henrique e que hoje está aqui na Fundação Cultural demorou 18 meses. Eu trabalhei um ano e meio naquele painel em prancha de cedro, foi o Henrique que encomendou e comprou as pranchas.

É uma peça única?

"Sim, uma peça única, então não tem emenda, nem corte. Na época, o padre João Giomo era o sacerdote da Matriz e foi ele quem encomendou e recebeu essa escultura."

Com quem você aprendeu essa téncica?

"O Henrique conhecia muito de técnica em madeira, sabia muito, inclusive me ensinou. Mas ele gostava mais do metal, que tem uma outra estética. A proposição de você ter um brilho, por exemplo, a madeira não tem brilho, já no metal ele conseguia polir as esculturas que fazia em latão, em bronze ou em cobre. A gente conseguia polir, de maneira que virasse quase um espelho. A madeira não.

Fez obras com o Henrique?

Na Casa de Artes tem peças que fizemos em conjunto. Tem uma peça "O Ícaro" (Ícaro Resgatado"), que ele fez a escultura em metal, que é o pássaro carregando o Ícaro no vôo e eu fiz a parte do entalhe em madeira, também foram quase quatro meses de trabalho em cima daquilo ali...

Em que época foi isso?

Cheguei aqui em Ibiporã em 1982, assim que voltei do Exército e fiquei aqui na cidade. Comecei aprendendo, fazendo aulas, aí o Henrique gostou do meu trabalho, me convidou pra produzir esse painel em madeira, aí acabei ficando e inclusive casei aqui. Por isso me considero um ibiporaense.

 


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