Textos e personagens das seis cenas apresentadas foram criados pelos próprios servidores. Caroline Vicentini/SMCT/PMI
Bullying, relacionamento abusivo, violência doméstica, dependência química, abandono, exaustão e sobrecarga de demandas na vida profissional e pessoal, são situações que causam grande sofrimento emocional e podem levar a transtornos mentais, que quando não tratados adequadamente, podem resultar em ideações ou morte por suicídio.
Tendo em vista estas e outras situações que causam a “dor da alma”, nove profissionais (Aldry Franciele Teixeira, Andrea Moreira Januário, André Jorge de Jesus, Luisa Guedes Di Mauro, Julia Rangel Silva, Alexandre Vicente do Nascimento, Gislaine Cardoso Borges de Souza, Magda Perpeta de Souza, Cynty Soraya Zuniga Chandia) dos Centros de Atenção Psicossocial Adulto e Infantil (CAPS), da Secretaria Municipal de Saúde de Ibiporã, levaram na semana passada ao palco do Cine Teatro Padre José Zanelli o espetáculo gratuito “Eu já vivi isso”. Os textos e personagens das seis cenas apresentadas foram criados pelos próprios servidores, com base nos atendimentos realizados e também em histórias pessoais ou de conhecidos.
No total foram seis apresentações, para um público variado, formado por alunos e professores dos colégios estaduais de Ibiporã, servidores, alunos de teatro, pacientes do CAPS e população em geral. Ao final de cada cena, um profissional contextualizou o tema, apontou as consequências psicológicas e as formas de procurar ajuda ou oferecer apoio a quem está sofrendo. Como boa parte do público que assistiu à peça foi formada por estudantes adolescentes das instituições de ensino da cidade, os servidores promoveram uma roda de conversa com a plateia após o espetáculo.
A peça, dirigido pela professora do Centro de Formação em Arte e Cultura (Cefac), da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SMCT), Jéssica Coutinho, é fruto das aulas semanais de teatro que o grupo frequenta há alguns meses, já tendo como objetivo a montagem de um espetáculo para ser apresentado na programação do “Setembro Amarelo”, mês dedicado à prevenção ao suicídio. “A maioria dos profissionais de saúde nunca havia feito teatro ou pisado em um palco. Foi um momento de superação e bastante desafiador para todos, pois os textos e personagens foram uma construção coletiva. O resultado de toda a dedicação deles pode ser conferida no palco. Recebemos muitos elogios e agradecimentos de quem veio assistir à peça, por representar, de forma inédita, temas tão sensíveis e importantes”, comentou Jéssica.
Segundo a coordenadora interina de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Aldry Franciele Teixeira, as ações do “Setembro Amarelo” 2023 visam atingir principalmente os adolescentes, devido ao aumento dos diagnósticos de transtornos mentais entre este público. “A pandemia de covid-19 agravou a saúde mental de toda a população, mas principalmente dos jovens e adolescentes. Chegamos a atender em nosso serviço crianças com 11, 12 anos, com ideações suicidas, automutilações. A escolha da linguagem teatral deve-se ao fato de que, em Ibiporã, há muitos jovens fazendo teatro, seja por meio do curso livre ofertado gratuitamente pela SMCT, ou nos espaços descentralizados, como nas escolas”, explicou Aldry.
A coordenadora acrescentou que é importante falar de forma responsável e empática sobre sofrimento emocional e suicídio, para que as pessoas que passam por momentos difíceis busquem ajuda e entendam que a vida é a melhor escolha.
“Ao perceber no outro sinais como mudança de comportamento, desinteresse por atividades que gostava, alteração no sono e apetite, é importante acolhê-lo, demonstrar presença, incentivando-o a falar como se sente, e se for o caso, buscar ajuda profissional. Ter pessoas que se importam e desejam a vida do outro, são fatores protetores contra o suicídio”, reforçou Aldry.
Em Ibiporã, a Prefeitura Municipal, por meio da SMS, realiza, deste o início do mês, uma programação (blitz educativa, adesivaço, passeata, panfletagem), envolvendo principalmente o público adolescente, alertando sobre a importância de se cuidar da saúde mental e apoiar aqueles que estão em sofrimento psíquico.
Sobre a campanha “Setembro Amarelo”
Desde 2014 a Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina - CFM, realiza no Brasil a campanha Setembro Amarelo, com o objetivo de trazer informações atualizadas sobre suicídio para conscientizar a sociedade e colaborar para a prevenção do suicídio no país. A iniciativa chega em seu nono ano, trazendo um novo mote: "Se precisar, peça ajuda". A campanha acontece durante todo o mês, mas o dia 10 é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de um milhão de casos.
No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia. Entre 2010 e 2019, ocorreram no Brasil 112.230 mil mortes por suicídio. Houve um aumento de 43% nos casos registrados. Embora os números estejam diminuindo em todo o mundo, como nos países da Europa, por exemplo, estudos recentes observaram um aumento das taxas de suicídio em países de média e baixa renda, especialmente nas regiões do Leste Asiático, da América Central e da América do Sul.
Setembro Amarelo: se precisar, peça ajuda!
Onde procurar ajuda:
- Nas Unidades Básicas de Saúde;
- CAPS Infantil: 31780341 ou 31780331;
- CAPS Adulto: 31780367 ou 31780244;
- Disque 188: Centro de Valorização da Vida (CVV);
- Emergências – SAMU 192;
UPA, Pronto Socorro e hospitais