Exposição pode ser visitada na Biblioteca até 28 de abril. Caroline Vicentini/SMCT/PMI e Bruna Kamaroski
O dia 19 de abril celebra, em todo o território nacional, a diversidade dos povos indígenas do Brasil. Para marcar não apenas o dia, mas todo o mês, o Centro de Formação em Artes e Cultura (Cefac), da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SMCT), preparou a exposição “A Mãe do Brasil é Indígena”, com trabalhos dos alunos de 8 a 12 anos do curso de Desenho e Arte, orientados pelas professoras Pillar Santana e Victoria Ramos Manoel.
Os trabalhos estão expostos na Biblioteca Pública Municipal, e poderão ser visitados até 28 de abril. “A exposição objetiva homenagear a cultura indígena, valorizando e promovendo a arte dos povos originários. Nas pinturas, os alunos fizeram uso de tintas preparadas por eles e os professores com tons terrosos. A arte indígena é muito rica, composta por diversos elementos carregados de simbologias antigas e sabedorias sagradas recebidas de seus antepassados. As crianças criaram sobre estas referências”, explica a professora Pillar, coordenadora do Núcleo de Artes Visuais do Cefac.
A exposição integra as comemorações pelos 50 anos da Biblioteca Pública Municipal Irmã Benta Fidelini Cinelli, completados no dia 13 de março.
O nome da exposição é uma referência à poesia “A mãe do Brasil é Indígena”, escrita por Myrian Krexu Veloso, jovem Guarani Mbyá, a primeira médica cirurgiã cardiovascular indígena do Brasil. Nascida no município de Xanxerê, no interior de Santa Catarina, ainda bebê foi levada pela família para a aldeia indígena. Ela viveu na comunidade Terra Indígena Rio das Cobras, maior aldeia em tamanho e população do estado do Paraná com um pouco mais de 3000 pessoas, pertencente à etnia Guarani Mbyá e localizada na margem esquerda do rio Guarani. Graduou-se em Medicina na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Após se formar, em 2013, Myrian Krexu atuou por três anos na saúde indígena. Atualmente reside e trabalha em Curitiba.
“A mãe do Brasil é indígena, ainda que o país tenha mais orgulho de seu pai europeu que o trata como um filho bastardo. Sua raiz vem daqui, do povo ancestral que veste uma história, que escreve na pele sua cultura, suas preces e suas lutas. Nunca vou entender o nacionalismo estrangeiro que muitas pessoas têm. Nós somos um país rico, diverso e guerreiro, mas um país que mata o seu povo originário e aqueles que construíram uma nação, que ainda marginaliza povos que já foram escravizados e seguem tentando se recuperar dos danos. O indígena não é aquele que você conhece dos antigos livros de história, porque não foi ele que escreveu o livro então nem sempre a sua versão é contada. Ele não está apenas na aldeia tentando sobreviver, ele está na cidade, na universidade, no mercado de trabalho, na arte, na televisão, porque o Brasil todo é terra indígena. Sabe aquela história de que “sua bisavó foi pega no laço ?” Isso quer dizer que talvez seu bisavô tenha sido um sequestrador, então acho que você deveria ter mais orgulho do sangue indígena que corre em suas veias. A mãe do Brasil é indígena.”
SERVIÇO
Exposição “A mãe do Brasil é indígena”
Onde: Biblioteca Pública Municipal (Rua 1º de Maio, 200, esquina com Rua José Bonifácio (ao lado da Casa de Artes e Ofícios Paulo VI)
Quando: até 28 de abril
Horário: segunda a sexta, das 8 às 17h